A importância da educação na formação do indivíduo americano
Por Maria Clara Nascimento
No filme “O Sorriso de Monalisa”, de 2003, a professora Katherine Watson (Julia Roberts) é contratada para lecionar História da Arte na renomada Wellesley College, uma escola norte-americana só para mulheres. A educadora desafia a instituição ao ir além do mero lecionar, instigando suas estudantes a desejarem ser mais que esposas e mães, que eram os objetivos principais das mulheres da época retratada no filme (meados dos anos 50). A educação teve seu objetivo alterado ao longo dos anos, avançando com o tempo e a sociedade. No filme, Katherine estava a frente do seu tempo, pois olhando no cenário atual, é exatamente isso que as escolas americanas buscam ensinar em suas salas. Quando falamos em educação americana, logo vem à mente o famoso high school, líderes de torcida e os enormes campus de faculdades famosas como Havard. Além de estar atrelada a isso, a educação americana reflete muito dos valores básicos dos seus cidadãos, e nos revela como essa educação afeta a formação do indivíduo estadunidense.
É comum ao assistirmos um filme ou uma série que se passa
nos EUA, nos depararmos com alunos tendo aulas de carpintaria, por exemplo.
Isso porque os americanos são preparados desde os primeiros anos de ensino a
uma liberdade individual e auto dependência, de forma que a escola os preparem
para se tornarem auto suficientes dentro da sociedade. Aqui, os alunos aprendem
na prática, ou seja, além de exercícios de matemática e atividades de leitura,
também é ensinado a trabalhar em equipe e a desenvolver o pensamento crítico.
Para os americanos, desenvolver as habilidades sociais e interpessoais é tão
importante quanto desenvolver as habilidades intelectuais. Para que essas
habilidades sejam afloradas, as escolas adicionam atividades extracurriculares
de todos os tipos. E essas atividades se tornam tão importantes que ao
considerar admitir um aluno em uma faculdade, a equipe de admissão leva em consideração
essas capacidades desenvolvidas pelo aluno, como trabalho em equipe,
responsabilidades, capacidade de liderança e conviver bem com as pessoas.
Essas habilidades podem ser adquiridas também através dos esportes, algo muito comum nas escolas americanas. Esportes como futebol americano, basquete e beisebol são catalisadores na aquisição de tais habilidades porque incentivam a competir de forma saudável, como também o estímulo de “do it yourself”. Mas caso o esporte não seja para você, talvez um cargo dentro do conselho escolar seja eficiente. O governo estudantil é outra atividade extracurricular projetada para desenvolver habilidades competitivas, políticas e sociais nos alunos. Mesmo que os candidatos eleitos não tenham muito poder, o fato de se candidatar e logo após tomar responsabilidades é visto como um ato de arcar com compromissos, uma boa experiência como líder e ajuda a ser um cidadão responsável. Contudo, atletismo e governo não são as únicas atividades extracurriculares que são possíveis realizar, existem diversos clubes com uma variedade imensa de temas, e muitas escolas já trabalham também com serviços comunitários dentro da comunidade.
Se de um lado temos o incentivo máximo a atividades extracurriculares, do outro temos também a pressão por resultados eficientes. Os Estados Unidos são lar de universidades como Havard e Stanford, e dessa forma, muitas escolas pressionam excessivamente seus alunos para alcançarem resultados dignos de tais universidades. Essas escolas, que fazem de tudo para extrair o melhor de seus alunos, juntamente com a pressão da família, corroboram para um possível desenvolvimento de traumas psicológicos devido a pressão escolar sofrida na juventude, realidade de muitos americanos. Para exemplificar essa questão, assista ao trailer do documentário "Try Harder":
O documentário acompanha a vida de alguns estudantes da Lowell High School, a escola de primeiro escalão em San Francisco, nos anos mais decisivos de suas vidas. Os alunos falam das universidades as quais desejam ingressar, as notas que precisam alcançar e a pressão que lhes é colocada. Dentre outros aspectos, também é colocado a dificuldade que os jovens enfrentam de entrar na tão sonhada faculdade. Apesar de trazer essas temáticas, o documentário tem um toque cômico que já se nota pelo título. Os jovens estão se esforçando ao máximo mas deveria ser a entidade de admissão da faculdade que precisa se sair muito melhor.
Diante desse contexto, vemos como desde cedo, os americanos são estimulados em vários âmbitos, tudo isso para que no futuro ele se torne uma pessoa independente e responsável, além de despertar seu senso crítico. Todas essas atividades e exercícios são investimentos nas gerações futuras que agregarão e muito dentro da sociedade. É nítido a questão de que os americanos não estão preocupados em somente desenvolver-se intelectualmente, mas também o fato que promover capacidades sociais é imprescindível na formação desse cidadão americano. O educador George S. Counts afirma:
"Americans regard education as the means by which the inequalities among individuals are to be erased and by which every desirable end is to be achieved."
Esse valor de educação se assemelha muito ao brasileiro, assim como nós, eles acreditam que a educação é o meio para atingir todos os objetivos e uma ferramenta para erradicar todas as desigualdades existentes no país. Dessa forma, a educação como um todo, faz parte da nação dos Estados Unidos, é ela a responsável pela condução de uma sociedade melhor e a criação de seres democráticos.
Extracurricular Activities. My college guide. Disponível em:
ALLEN, Jim & VELDEN, Rolf. (2001). Educational
Mismatches Versus Skill Mismatches: Effects on Wages, Job Satisfaction, and
On-the-Job Search. Oxford Economic Papers, 3, 434–52.
ALLEN, Nick. Try Harder! . Roger Ebert.com, 2021. Disponível em: https://www.rogerebert.com/reviews/try-harder-movie-review-2021 . Acesso em: 12 de dezembro de 2021
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